Expansão da Aviação Exige Valorização dos Serviços em Solo
A aviação mundial está em plena expansão, e o Brasil acompanha esse movimento com crescimento expressivo no número de voos, passageiros e investimentos em infraestrutura. No entanto, um fator essencial ainda carece de maior atenção: a valorização dos serviços de apoio em solo, conhecidos como ground handling. Esses serviços, muitas vezes invisíveis ao público, são fundamentais para o funcionamento seguro e eficiente da aviação comercial.
Essas empresas são responsáveis por uma série de atividades críticas, desde o embarque e desembarque de bagagens até o abastecimento, posicionamento de aeronaves, transporte interno e inspeções de segurança. São elas que garantem que cada voo decole com segurança, pontualidade e eficiência.
A Espinha Dorsal Invisível da Aviação
Apesar de atuarem nos bastidores, as ESATAs sustentam toda a operação aeroportuária. Oliveira destaca que ainda falta compreensão por parte das companhias aéreas e dos aeroportos sobre a importância dessas empresas como parceiras estratégicas.
Sem uma operação de solo eficiente, não há voo seguro. Cada bagagem bem alocada, cada check-in ágil e cada manutenção preventiva fazem parte de uma cadeia que impacta diretamente a experiência do passageiro e a reputação da aviação brasileira.
Globalmente, práticas padronizadas e certificações têm fortalecido esse elo da cadeia. Oliveira cita o exemplo do CRES, certificação criada pela Abesata (Associação Brasileira das Empresas de Serviços Auxiliares do Transporte Aéreo), que estabelece parâmetros mínimos de qualidade e segurança. Essa padronização gera confiança entre operadores, companhias aéreas e aeroportos, além de promover a transparência e o profissionalismo.
Tecnologia e Inovação na Operação em Solo
O investimento em tecnologia operacional é outro pilar essencial. Sistemas de rastreamento de bagagens, sensores em equipamentos, plataformas digitais de gestão e até robôs de apoio logístico têm revolucionado o setor.
Essas ferramentas aumentam a precisão, reduzem erros e ajudam a otimizar recursos. Além disso, permitem um ambiente de trabalho mais seguro e previsível, o que se reflete diretamente na satisfação das equipes e na redução de acidentes e retrabalhos.
A adoção de tecnologias também colabora para diminuir a carga manual e agilizar processos. Isso é especialmente relevante em um setor onde o turnover – a rotatividade de pessoal é alto e gera impactos significativos na continuidade das operações.
O Desafio do Turno ver e a Valorização das Equipes
De acordo com Oliveira, o elevado turnover é uma das principais ameaças à sustentabilidade das ESATAs. A constante troca de profissionais compromete a eficiência, eleva custos e coloca em risco a segurança operacional.
“Quando não se valoriza a mão de obra em solo, perde-se conhecimento e qualidade. Cada colaborador que sai leva consigo experiência e rotina operacional”, afirma o executivo.
A solução está em programas de retenção de talentos que ofereçam oportunidades reais de crescimento e reconhecimento. Trilhas de carreira internas, planos de desenvolvimento e capacitação contínua são medidas capazes de transformar o trabalho em solo em uma profissão de orgulho e futuro.
Essas iniciativas, segundo Oliveira, devem ser reconhecidas e incentivadas também pelos operadores aéreos, aeroportos e entidades públicas, como a Anac e a Secretaria Nacional de Aviação Civil. O fortalecimento das ESATAs é uma responsabilidade compartilhada.
Caminhos para o Futuro
Para garantir um futuro mais sólido e competitivo, é preciso enxergar as ESATAs como aliadas estratégicas, e não apenas como prestadoras de serviço. Incentivos regulatórios, digitalização de processos e robotização de tarefas críticas devem caminhar lado a lado com políticas de valorização profissional.
O setor aéreo brasileiro tem enorme potencial de crescimento, mas isso só será possível com bases sólidas no chão. Afinal, nenhum avião decola sem o trabalho preciso e comprometido de quem atua em solo.
A expansão da aviação deve vir acompanhada do reconhecimento e da valorização de quem faz o impossível acontecer todos os dias com eficiência, segurança e paixão pelo que faz.