A Última Foto de arquivos esquecidos
Na penumbra de seu pequeno escritório, a investigadora Clara Vasconcelos folheava uma antiga caixa de arquivos esquecidos. Entre relatórios amarelados e recortes de jornal, uma foto chamava atenção o retrato de um homem de expressão serena, tirado há mais de vinte anos. Era a única pista deixada por um desaparecido cujo nome já se perdera nos registros. No entanto, algo na imagem a fez parar. O olhar dele parecia reconhecer o dela, atravessando o tempo e o papel desbotado.
Movida por uma mistura de dever e emoção, Clara decidiu seguir o rastro daquela fotografia. Visitou lugares esquecidos, buscou informações em arquivos públicos e interrogou pessoas que mal lembravam do homem retratado. Cada passo, porém, trazia mais lembranças do que respostas. Em um pequeno vilarejo costeiro, onde o mar batia nas pedras com a cadência das horas, ela encontrou a casa de um antigo fotógrafo o autor da imagem. E foi ali que o passado começou a se reescrever.
O fotógrafo, já idoso, a reconheceu de imediato. “Você era a mulher que ele sempre mencionava”, disse com voz trêmula. A revelação caiu como uma lâmina de luz. O homem da foto não era apenas um desaparecido era André, o grande amor que Clara acreditava ter perdido para sempre. O fotógrafo contou que André voltara muitas vezes ao estúdio, pedindo cópias daquela mesma imagem. Disse que queria deixá-la como uma mensagem silenciosa, uma esperança de reencontro.
Tomada pela emoção, Clara percorreu a trilha deixada nas anotações do homem. Descobriu que ele passara anos tentando reencontrá-la, seguindo fragmentos de notícias sobre sua carreira como investigadora. Mas uma sucessão de desencontros e distâncias apagou suas tentativas. Agora, ao tocar aquela foto, Clara percebia que, de alguma forma, ele nunca havia ido embora. O amor que julgara esquecido permanecera guardado nas sombras do tempo, esperando apenas o instante certo para ser revelado.
De volta à cidade, Clara colocou a foto em sua mesa e, pela primeira vez em anos, sorriu com sinceridade. O caso estava encerrado, mas a história apenas começava a história de dois corações que o destino separou, mas que a memória insistiu em unir.
“Esta obra é uma ficção. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.”