Cai o uso de celulares por jovens nas escolas
O cenário das escolas brasileiras em 2025 revela uma mudança significativa nos hábitos digitais dos estudantes. O uso de celulares por crianças e adolescentes entre 9 e 17 anos caiu de 51% para 37%, segundo o estudo Tic Kids Online Brasil 2025, realizado pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), vinculado ao Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br).
Essa queda está relacionada à nova lei que restringe o uso de celulares em ambientes escolares, implementada no início do ano. A medida foi bem recebida por educadores, que observam maior foco e participação dos alunos nas aulas presenciais.
A coordenadora da pesquisa, Luísa Adib, explica que a mudança não significa uma desconexão digital, mas uma reorganização do uso. “O celular deixou de ser um companheiro constante na escola, mas ainda é o principal meio de acesso à internet fora dela”, afirma. O desafio, segundo ela, é equilibrar o uso consciente da tecnologia com o desenvolvimento das habilidades digitais.
Apesar da redução do uso dentro das escolas, o acesso à internet entre adolescentes se manteve alto e estável. Em 2025, 92% afirmaram utilizar a internet, índice próximo dos 93% de 2024 e dos 95% de 2023. O celular segue como principal porta de entrada digital, usado por 96% dos entrevistados, seguido pela televisão (74%), computador (30%) e videogame (16%).
Esses números mostram que, mesmo com as restrições, o celular ainda domina a rotina online dos jovens brasileiros.
A pesquisa também apontou um dado preocupante: o aumento do número de crianças e adolescentes que nunca acessaram a internet. Em 2024, eram cerca de 492 mil; em 2025, esse número subiu para 710 mil. Essa diferença reforça desigualdades regionais e socioeconômicas que ainda persistem no país. Enquanto jovens de áreas urbanas têm acesso a redes rápidas e constantes, muitos estudantes da zona rural ainda enfrentam dificuldades de conexão e falta de dispositivos adequados.
As atividades mais realizadas pelos adolescentes conectados refletem o equilíbrio entre lazer e aprendizado. Cerca de 81% usam a internet para pesquisas escolares, 70% buscam temas de interesse pessoal, 48% leem ou assistem a vídeos de notícias e 31% procuram informações sobre saúde.
Esses dados mostram que, mesmo com o avanço das redes sociais e do entretenimento digital, o uso educativo e informativo da internet ainda ocupa papel relevante entre os jovens.
Educadores relatam que, desde a nova lei, as salas de aula estão mais participativas. Professores utilizam recursos digitais planejados, como plataformas de ensino e quadros interativos, em vez de depender do celular do aluno. A interação se tornou mais equilibrada e produtiva.
No entanto, o desafio permanece: transformar o ambiente digital em aliado da aprendizagem, sem perder o controle sobre os excessos.
Em suma, o cenário de 2025 mostra que a queda no uso de celulares nas escolas não representa um retrocesso, mas um movimento de adaptação. A educação brasileira caminha para um modelo que busca equilíbrio entre tecnologia e foco, entre conectividade e convivência.
Mais do que proibir, a nova etapa é sobre ensinar a usar. O futuro digital dos jovens depende menos da presença constante do celular e mais da consciência sobre como, quando e por que utilizá-lo.
Fonte: Agência Brasil







