O Diário da Saúde está publicando uma série especial onde os médicos discutem procedimentos que, em muitos casos, podem ser evitados para o bem dos pacientes.
Parte 4. Não deixe que o seu médico… lhe dê o quadril mais moderno – prefira um "antigo"
Quando se trata de tecnologia, mais recente geralmente é melhor. Mas isso não é necessariamente verdade quando se trata de implantes médicos.
Existem centenas de tipos diferentes de próteses de quadril – também chamados de quadris artificiais – disponíveis, com novos projetos surgindo todos os anos.
Mas pode levar 15 anos ou mais para ver se um novo modelo é tão eficaz e de longa duração quanto os já existentes. O problema mais recente que veio à luz envolveu próteses de quadril de metal, que poderiam desgastar muito rápido, liberando metais na corrente sanguínea.
"Algumas pessoas ficam muito ansiosas para receber a mais nova tecnologia," diz o Dr. Siôn Glyn-Jones, cirurgião ortopédico da Universidade de Oxford (Reino Unido)
"Eles leem sobre isso [nos jornais]. Passamos a maior parte do nosso tempo dizendo 'Não, [essa tecnologia] é muito nova'," conta ele.
E os cirurgiões também não estão imunes aos apelos de marketing dos fabricantes: "Há uma necessidade de continuar a inovar, mas há um equilíbrio entre inovação e segurança," disse Glyn-Jones.
Nos EUA, novos dispositivos devem passar por anos de estudos randomizados controlados antes de serem postos à venda.
Na Europa as exigências são muito menos estritas: os aparelhos simplesmente têm que passar por alguns testes básicos de segurança.
No Brasil, as próteses devem ser registradas na Anvisa e são monitoradas através do Registro Nacional de Artroplastia – o alerta recente da agência sobre as próteses de quadril metal-metal refere-se sobretudo às normas norte-americanas.