Grupo de mergulhadores formado por 20 voluntários da escola de mergulho Galeão Sacramento promoveu um dia de limpeza na Baía de Todos os Santos,nesta quinta (14). Eles retiraram 915 quilos de lixo de três pontos: Porto da Barra, entorno do Farol e na área em frente ao Hospital Espanhol.
As praias parecem muito limpas para quem olha da areia ou do asfalto, mas a realizadade é outra e esse grupo de mergulhadores voluntários mostraram isso. Muita sujeira se esconde sob aquelas águas.
Muitas latinhas de cerveja, pneus, restos de um ventilador e até uma enceradeira foram retirados pelos mergulhadores durante a ação, que é promovida desde 2004 pelo grupo.
Segundo o diretor da escola, Bruno Souza, a ideia foi comparar o resultado de ontem com a última edição de limpeza, realizada pelo grupo antes do Carnaval, no dia 6 deste mês, quando foram retirados 480 quilos de lixo do mar. A estratégia, explica Bruno, serve para ver a diferença entre a quantidade de resíduos descartada no mar durante o Verão e no dias da folia.
De acordo com o oceanógrafo Gerson Fernandino, que mergulha com o grupo, nos últimos meses o projeto resolveu não só retirar o lixo das praias. “Antes a limpeza era feita com o intuito mesmo de limpar o fundo. Agora, vamos colocar um cunho científico na coleta. Assim, a gente pode entender o problema, ver de onde vem a sujeira e propor ações para mitigar a questão”, disse.
O grupo vai fazer a triagem do material encontrado, depois vai analisar os produtos e, por fim, elaborar um relatório com propostas de ações para combater a poluição.
O lixo no fundo do mar, segundo ele, provoca problemas diretos aos animais e a outros organismos que vivem no ecossistema. “Quando se deposita no fundo, o lixo impede a troca de ar e causa sufocamento de corais. Os materiais também podem se emaranhar em animais e impedi-los de subir à superfície para respirarem, no caso de golfinhos e tartarugas, por exemplo”, explica o oceanógrafo.
Há também prejuízos à saúde dos animais, quando eles engolem os resíduos. “Quando o animal ingere um plástico, por exemplo, o material obstrui o sistema gastrointestinal, e ele vai ter uma sensação de saciedade, mesmo sem ingerir nenhum alimento. Ele não vai sentir fome, vai ficar com a barriga cheia de plástico e morrer por inanição”, resume Gerson. Outros casos acontecem quando os animais engasgam ou têm o estômago furado por algum resíduo.
Alheios à sujeira no fundo do mar, turistas e baianos curtiam o sol, e o movimento voltou a ser intenso nas praias da Barra. Ontem, além das muitas latinhas, também foram encontradas chapas de fibra de vidro e de alumínio. Antes do Carnaval, o objeto mais estranho encontrado foi um fogão industrial.
“Muita gente realmente não se preocupa onde joga o lixo”, diz Gerson.
O grupo de mergulhadores realiza quatro dias de limpeza durante o ano: antes e depois do Carnaval, em junho ou julho e em setembro, durante o Clean Up Day — dia mundial de limpeza das praias.
Foto: Evandro Veiga
Matéria original: Correio 24h