“Quero dar um abraço no Temer e dizer que estou do seu lado", disse o ex-deputado
Em 2005, o então deputado Roberto Jefferson (PTB) se converteu em homem-bomba da República. Em entrevista à Folha de S. Paulo, abriu a primeira grande ferida da era petista no poder, ao delatar o esquema do Mensalão. Suas declarações deram base à investigação que culminou na prisão de vários líderes do PT. Mas, ao contrário do que parte da oposição chegou a cogitar na época, o governo não caiu e, mais do que isso, Lula se reelegeu com uma margem maior do que na primeira disputa vitoriosa. Nessa primeira parte da história, o petista acabou no trono e o petebista na cadeia.
Agora, pouco mais de 10 anos depois daquela entrevista, Roberto Jefferson está de volta a Brasília. Livre, graças ao perdão de sua pena, concedido pelo Supremo Tribunal Federal com base no Indulto de Natal, ele decidiu retomar a atividade política, reassumirá a presidência do PTB e garantiu apoio à oposição no processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff.
Como ele mesmo se apresenta, foi “general da tropa de choque” que defendeu Collor e agora quer dar sua experiência em impeachment contribuindo com “o outro lado”.
Elogios a Temer
Ao pisar pela primeira vez na capital federal depois de três anos (período em que esteve detido, boa parte em regime domiciliar), suas primeiras palavras foram direcionadas ao vice-presidente Michel Temer (PMDB), figura-chave do momento atual, por ser o número 1 na fila de sucessão de Dilma.
“Quero dar um abraço no Temer e dizer que estou do seu lado. Eu já fui o general da tropa de choque do impeachment do Collor, no lado da resistência contra. Vamos conversar para trocar experiências, agora do outro lado — afirmou Jefferson, tecendo elogios ao peemedebista, a quem chamou de 'gentleman' e 'grande homem'”, disse a O Globo.
Jefferson aproveitou o momento para relembrar o apoio recebido de Temer quando a Câmara abriu processo para cassar seu mandato, devido ao envolvimento no mensalão. “Um cara que me deu a mão naquela época, sem eu pedir, foi o Temer. Ele me ligou e disse: 'estou falando no PMDB aos amigos que votem pela sua absolvição'. Foi uma manifestação direta dele, e muitos deputados do PMDB disseram que votaram contra a minha cassação porque o Temer pediu. São coisas assim que você guarda e não esquece — disse, já falando em um eventual governo do vice”.
Apesar do suposto apoio, Jefferson teve o mandato cassado na época.
Temer não se manifestou sobre as declarações.