Storytelling é uma palavra em inglês, que está relacionada com uma narrativa e significa a capacidade de contar histórias relevantes. Em inglês a expressão “tell a story” significa “contar uma história” e storyteller é um contador de histórias, mas o que isso tem a ver com drones? Muito …
Com a facilidade à utilização dos drones através de bastante tecnologia embarcada, juntamente com preços ditos “acessíveis” (no Brasil nem tanto), ocorreu uma explosão de vendas e as pessoas impulsionadas pela publicidade das gigantes, como a DJI, acreditam que qualquer um pode fazer filmagens incríveis e de valor comercial com drones, no entanto, a realidade não é bem essa.
Boas filmagens para fins publicitários, como apoio a melhoria da marca (branding), devem ter além de um bom plano de voo, um roteiro que desperte emoções bem definido, uma filmagem aérea deve conduzir o espectador a uma conexão emocional, que pode ser obtida eficientemente através de uma boa história.
Os seres humanos sempre se comunicaram através de histórias, e hoje, com os recursos áudio visuais disponíveis, as histórias se tornaram mais ricas, se tornou mais fácil trazer elementos de grande impacto ao espectador, e os drones entram nesse cenário como ferramentas de apoio para se contar histórias envolventes.
Quais são os elementos de uma boa história?
Segundo Robert Mckee, um especialista em storytelling, são 5 os elementos principais de uma boa história:
1) Conexão
Uma boa história precisa criar uma forte conexão entre quem conta e quem ouve a história. É preciso ter um forte significado, provar um valor.
2) Conflito
Sem um conflito, não existe história. Uma história precisa explorar uma necessidade, uma angústia ou uma força antagônica, que pode ser um conflito interno (você com você mesmo), um conflito pessoal (alguém contra você) ou extra pessoal (uma força do ambiente).
3) Surpresa
Toda história precisa de um elemento surpresa que faça a audiência pensar. As pessoas esperam um elemento que surpreenda. Evite histórias em que todas as coisas são explicitas e óbvias.
4) Inspiração
Uma boa história precisa criar em sua audiência um senso de urgência. Precisa inspirá-la a agir.
5) Relevância
A história precisa ser atual e relevante. Precisa levar em consideração efeitos humanos, culturais, políticos e sociais que façam sentido para sua audiência.
Como utilizar drones para contar histórias?
Quando se realiza uma filmagem aérea, a forma e sequência que você realiza as tomadas é fundamental para contar boas histórias, os padrões de voo ou movimentos cinematográficos de câmera servem para ajudar a alcançar os elementos principais citados acima:
1) Conexão – Para realizar a conexão com o espectador são indicados movimentos de auto impacto, como a subida em espiral rápida, com elementos humanos ou geográficos de forte apelo no início(ex. uma cachoeira ou um praticante de surf), a aproximação com tilt down, movimento lateral em velocidade, entre outros.
2) Conflito – O conflito ou contraste pode ser obtido com alternância entre velocidade, zoom in e zoom out, dia e noite, deserto e praia, etc.
3) Surpresa – Não se deve despejar logo de cara o objeto principal da filmagem, se você vai filmar um carro, talvez seja mais interessante começar com uma tomada de alta velocidade pela estrada aonde o carro está, se vai filmar um castelo, uma filmagem lateral pelo caminho que vai até o mesmo pode ser uma boa ideia, o importante é gerar expectativa, mostrar apenas alguns pedaços parciais do objetivo pode ser legal também, antes de revelar completamente, não estrague o momento “óhhhh” sem uma boa introdução.
4) Inspiração – Pessoas gostam de coisas que realmente inspirem, isso significa que a sua filmagem deve ter um objetivo, trazer algo de positivo e uma necessidade de ação, seja um pensamento de “- Puxa, preciso conhecer esse local” no caso de uma filmagem de ponto turístico ou hotel, ou ainda um ” – Preciso de uma caminhonete dessas, brutal!”. Para trazer de fato a inspiração, uma boa sincronia com a trilha sonora e movimentos mais complexos como 180º com saída de costas ou 360º com avanço para um alvo em movimento são boas pedidas.
5) Relevância – Para ser relevante, seja ousado, mas com segurança, exemplo: tirar finas de objetos e depois acelerar via editor se você não consegue passar perto em alta velocidade, se você ainda não é pró, abuse da utilização de recursos inteligentes como POI(ponto de interesse), Círculos Autônomos, Follow Me, Course Lock, etc.
Qual equipamento utilizar?
Movimentos cinematográficos de câmera podem ser realizados por qualquer drone que tenha um gimbal com tilt, no entanto, equipamentos mais novos como 3DR Solo, Phantom 3 e 4, contam com recursos que podem facilitar bastante o trabalho, principalmente para pilotos pouco experientes. Se a necessidade for de maior qualidade no material, falando em termos de câmera, deve ser utilizado um drone mais profissional, que tenha capacidade de carregar câmeras DSLR / Mirrorless. Para a maioria de trabalhos para clientes pequenos/médios o Phantom 3 é o suficiente.
Se você vai realizar um trabalho em conjunto com uma agência ou produtora, provavelmente um roteirista, um GP ou um criativo vai passar para você qual a expectativa em relação a história que vai ser contada, mas se for um cliente final, muitas vezes você terá essa responsabilidade, de além do plano de voo, fazer também um roteiro levando em conta as emoções que devem ser despertadas em quem vai assistir seu vídeo e encaixando de maneira eficaz movimentos cinematográficos de câmera, isso com o passar do tempo fará toda a diferença no quanto você cobrará pelas suas filmagens, afinal de contas, lá no final, o que vai realmente fazer a diferença é o retorno obtido pelo cliente através da contratação do seu serviço, seja de maneira tangível (ex.: aumentaram as reservas na pousada após a divulgação do vídeo aéreo) ou intangível (ex.: alguém baixa o vídeo e envia para um grupo de WhatsApp).