Conheça o funcionamento desse jogo que virou uma febre mundial e saiba como utilizá-lo nas aulas de várias disciplinas
Pokémon Go. Se você ainda não sabe do que se trata, temos um recado importante: com certeza, seus alunos não só sabem como passam boa parte dos intervalos jogando o videogame de realidade aumentada que fisgou de crianças a adultos. Lançado há um mês e meio nos Estados Unidos, a chegada do jogo no Brasil foi ansiosamente aguardada. Na última quarta-feira, quando finalmente, eles chegaram, a busca pelos termos “Pokémon Go” superou as pesquisas por “Olímpiadas” no Google.
Portanto, não há o que discutir. Pokémon Go é uma realidade. Mas, como ele funciona? Aliando a lógica e os personagens do desenho animado da década de 1990 à geolocalização do smartphone e a tecnologia de realidade aumentada, a proposta é que a pessoa cace os monstrinhos caminhando. É necessário ligar o GPS do celular e habilitar que o software utilize a câmera. Então, você sai andando por aí, enxergando o mundo pela tela. Quando o telefone vibra, apareceu um Pokémon. Ao clicar em cima dele, o jogo capta a imagem da sua câmera e o personagem aparece no ambiente real. Você pode encontrar um Pokémon em cima da sua mesa ou na camiseta de alguém, por exemplo. Cada um deles tem uma característica específica e pode ser aquático, terrestre ou voador. Então, perto de uma fonte, é provável que você encontre vários personagens que vivem na água.
Para capturar o Pokémon, é necessário atingi-lo com uma pokébola. E elas são obtidas em um pokéstop. A maioria deles está em monumentos e pontos de referência das cidades. Quando o jogador está próximo de um “stop”, aparece uma moeda azul. Basta clicar nela e aparecerá uma foto do local. Ao rodar a moeda, surgem pokébolas e ovos pra você se abastecer. Quanto mais pokémons capturar, maior o nível que você alcança no jogo. No nível 5, por exemplo, pode-se entrar nos ginásios e participar de batalhas.
Após avistar o Pokémon, é necessário captura-lo com uma pokébola. Desse modo, o personagem vai para a sua lista de pokémons e você ganha pontos para subir de nível.
Na sala de aula, a discussão sobre o impacto do jogo é inevitável. Há um novo comportamento sendo construído e ele traz implicações para todos nós. Como as pessoas ficam nas ruas, com o celular na mão, sem olhar para os lados, existe um risco grande de acidentes e até assaltos. Além disso, é possível aproveitar as ferramentas do jogo para desenvolver atividades em várias disciplinas. Conversamos com o professor Alan Costa, pesquisador associado do NACE Escola do Futuro da USP e gestor técnico de Esportes e Lazer da Secretaria Municipal de Esportes, Lazer e Recreação de São Paulo. Ele nos deu algumas ideias para inspirar o seu trabalho em várias disciplinas. Confira abaixo:
1.Geografia: Pokémon Go só funciona com geolocalização e privilegia monumentos na estrutura do jogo. É um bom modo de discutir a confecção de mapas e o papel desses pontos de referência na lógica do lugar. Por exemplo, se há um pokéstop em uma universidade, pode-se perguntar: Por que esse prédio foi escolhido? De que maneira essa faculdade modificou a paisagem desse lugar?
2.Matemática e Ciências: Um dos mais importantes atrativos do jogo é a realidade aumentada. Por meio dela, é possível enxergar, na tela do celular, o pokémon dentro da realidade concreta. Discutir os conceitos e implicações dessa ferramenta desperta a curiosidade dos alunos e rende várias atividades. Converse sobre que outros jogos usam esta ferramenta e promova leituras e pesquisas sobre como a realidade aumentada pode colaborar com o desenvolvimento de áreas como a Medicina, por exemplo.
3.História: É possível explorar tanto a evolução dos videogames historicamente quanto a questão da privacidade. Quando se participa de um jogo online, quantas informações se dá ao software? No caso desse game, os desenvolvedores podem tanto saber qual é o percurso que você faz quanto fotografar dentro desses ambientes. Discutir as implicações disso é uma boa maneira de trabalhar a análise crítica dos alunos quanto às estruturas sociais e hábitos contemporâneos. Pergunte se alguém costuma ler os termos ou regras que o aplicativo apresenta no momento de cadastro. Nos anos finais, você pode assistir e debater o documentário Sujeito a Termos e Condições (Terms and Conditions May Apply) com a turma.
4.Educação Física: Um dos destaques do jogo é fazer a pessoa sair do lugar. Afinal, se você ficar parado em um mesmo local, não consegue completar as tarefas necessárias. Aproveitando esta dinâmica, pode-se gamificar uma modalidade esportiva, montando um circuito em que o grau de dificuldade vai aumentando. Os alunos são organizados em duplas: um fica com o celular filmando o outro completar o desafio. Os estudantes revezam nas funções e, se vencido o desafio, muda-se de fase. Na roda de conversa, deixe que todos digam como foi participar da atividade. Dialogue, também, sobre a passividade gerada pelos videogames. Que outros jogos os alunos conhecem que fazem com que eles saiam do sofá? Se houver outros exemplos, você pode organizar uma experimentação de vários games.
Fonte: http://novaescola.org.br/