O Carnaval Ouro Negro, promovido pelo Governo do Estado, por meio da Secretaria de Cultura (Secult), apoiou 91 entidades no Carnaval deste ano, entre blocos afro e de índio, afoxés e grupos de samba e de reggae. Realizado desde 2008, o projeto estimula a valorização e a preservação dos blocos, além da renovação dos integrantes.
No circuito Osmar (Campo Grande), o samba e a levada dos tambores foram as palavras de ordem para quem foi à rua em busca de um som mais cadenciado e alinhado com suas raízes de origem africana. No primeiro dia, os blocos da Capoeira, Bankoma, Pagode Total, Milenar e Quero ver o Momo deram uma mostra da riqueza do Carnaval Ouro Negro.
Símbolo da religiosidade de matriz africana em Lauro de Freitas, o Bloco Afro Bankoma levou para a avenida o ritmo da levada, embalando cerca de dois mil associados, representantes de 350 terreiros de candomblé. O bloco afro é o único de fora de Salvador a participar do Carnaval.
A animação seguiu como palavra de ordem com os blocos de samba, como o Alerta Geral, Alvorada e Reduto do Samba. A programação incluiu também o brilho dos blocos infantis. Entre os destaques, o Bloco Pequeno Príncipe de Airá, com o tema Ibeji - No mundo das Crianças, desfilou com cerca dois mil foliões, entre crianças e responsáveis.
Foto: Divulgação/Secult
Na trilha da alegria, o Bloco da Saudade, fundado em 1986, não poderia faltar. Os 1,5 mil associados, a maioria pessoas idosas na faixa etária entre 60 e 90 anos, desfilaram dois dias no Campo Grande. Entre as novidades, o Bloco Didá contou com quase duas mil mulheres da entidade carnavalesca. Fantasias coloridas, incrementadas de adereços dourados e palha, foram baseadas no tema Real, Realeza. Toda mulher negra é uma rainha quilombola.
A folia esquentou no Campo Grande com a passagem do Bloco Vem Sambar. A entidade surgiu de uma brincadeira entre amigos e atualmente é uma das grandes atrações do Carnaval Ouro Negro. Já o Malê Debalê homenageou o sertão neste ano. Considerado o maior balé afro do mundo, pela revista New York Times, o bloco afro entrou na avenida com o tema Sou Sertanejo Negro Forte.
O colorido das fantasias, reluzindo a ancestralidade africana, marcou a passagem do Bloco Afro Muzenza do Reggae. Conhecido por abrir as portas para os adeptos dos cabelos dreadlocks, o Muzenza conduz a massa no balanço do samba-reggae há 37 anos.
Público infantojuvenil
Todos os dias a criançada esteve nas ruas. O Bloco Ibeji há 23 anos oferece a crianças, adolescentes e adultos vindos de bairros populares a oportunidade de brincar o Carnaval. Dono de títulos importantes, como o bicampeonato do Troféu Dodô & Osmar (2010 e 2011), ele é uma possibilidade de lazer para a população infantojuvenil de Salvador.
Outra grande atração infantil da folia foi o Bloco Mamulengo. Bonecões travestidos de figuras ilustres, como Lampião, Carmem Miranda e da Nega Maluca, encantaram a todos com seu colorido e postura cambaleante. Acompanhados pela banda de sopro e percussão Mamulengo da Bahia, os foliões se divertiram do início ao fim do percurso.
No Carnaval deste ano, o Bloco Commanche do Pelô teve como tema Bahia indígena a oitava maravilha do mundo, para lembrar da importância e da beleza da influência indígena na cultura baiana. Cerca de dois mil foliões acompanharam o bloco no Carnaval Ouro Negro, formando alas de dançarinos e fantasias. O Commanche é o único bloco de índio que ainda desfila no Campo Grande e resiste no carnaval de Salvador.
Foto: Lucas Rosario/Secult
Filhos e Filhas de Ghandy
E o Gandhy não pediu só paz. Diáspora Africana a travessia não me abalou, tornou-me forte foi o tema do Afoxé Filhos de Ghandy no Carnaval 2017. O bloco abordou a resistência do povo negro no Brasil desde quando foi trazido do continente africano. O grande tapete branco saiu com a presença do homenageado, o cantor e compositor Gilberto Gil, e outros famosos, como o ator Lázaro Ramos.
A importância do engajamento feminino foi enfatizado mais vez no Carnaval Ouro Negro. Com o tema Mulheres empoderadas desfilando na avenida, o Afoxé Filhas de Gandhy completou 37 anos de tradição no Carnaval de Salvador. Ao todo, foram 800 associadas puxadas pelas alas das baianas e capoeiristas, embaladas por um cortejo de percussionistas, todas mulheres.
Desde 1995, o Bloco Banana Reggae leva o ritmo jamaicano para a avenida. Neste Carnaval, o bloco apresentou uma ala de mulheres quilombolas usando panos africanos e bandeiras de países afro-latinos. Já o Bloco Afro Mundo Negro, com o tema Gana, o Rei do Ouro, desfilou com quatro alas, formadas por 400 integrantes.
Fonte: http://www.secom.ba.gov.br
Ascom/Secult