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Geral 12/06/2017

Adolescente tatuado na testa em São Paulo não tentou furtar bicicleta

Adolescente tatuado na testa em São Paulo não tentou furtar bicicleta

Tio do adolescente de 17 anos que teve a testa tatuada com a frase "eu sou ladrão e vacilão", Vando Rocha negou que o sobrinho tenha tentado furtar a bicicleta de um homem sem perna. O jovem foi tatuado pela dupla Maycon Wesley Carvalho dos Reis e Ronildo Moreira de Araujo, em São Bernardo do Campo (SP), na sexta-feira (9), sob a acusação de que teria tentado levar a bicicleta.

Em entrevista ao programa Timeline Gaúcha, Rocha relatou que o sobrinho sofre com a dependência de álcool e drogas. Ele ainda reiterou que, mesmo que tivesse furtado a bicicleta, a ação não justificaria "o absurdo" feito pela dupla, que está presa desde a madrugada de sábado (10) por tortura. Segundo o site G1, o crime ocorreu nas escadarias de uma pensão na cidade da região metropolitana de São Paulo, onde o adolescente teria sido obrigado a sentar em uma cadeira de plástico do lado da porta de acesso a uma lavanderia do local.

— Infelizmente, ele é usuário de drogas, estava alcoolizado, viu a porta aberta, entrou e parou na bicicleta. Quando a bicicleta caiu e ele foi pegar para levantar, o rapaz (vizinho da pousada) viu. Achou que ele estava roubando, chamou o tatuador e nessa já prendeu o moleque, perguntando se ele queria fazer uma tatuagem. Ele, meio alcoolizado e na inocência, falou para os caras que poderiam fazer a tatuagem — conta Rocha.

Rocha afirmou que o sobrinho "chorou a noite toda" após a agressão. Em depoimento à Polícia Civil, no sábado, o jovem negou ter cometido qualquer furto e, em seguida, foi levado ao posto médico para ser medicado e voltou para a casa da avó.

— Os caras perguntaram onde seria (a tatuagem) e ele (o adolescente) falou "nos braços". E aí os caras (disseram) "não, você, como veio roubar uma bicicleta aqui, a gente vai escrever na sua testa 'ladrão e vacilão'". Ele pediu para os caras que pelo amor de Deus não fizessem isso (a tatuagem), disse para que quebrassem os braços e as pernas dele, mas que não fizessem isso — conta.

Segundo Rocha, o adolescente de 17 anos não frequenta a escola e tem distúrbio de comportamento. O tio afirma que o jovem tem pai, mãe e vó e destaca que ele "nunca foi abandonado" pela família.

— Ele é um moleque muito bom, que não tem maldade. Não é porque é meu sobrinho que estou falando isso. Ele sempre teve (apoio), mas ele tem um distúrbio e "não para quieto" — relata. — Como ele é um menino bom, as pessoas ajudam. (Mas) quando ele começa com bebida, ele começa a usar drogas e cai nessa vida aí, perdida.

Condenando a iniciativa da dupla que tatuou a testa do sobrinho, Rocha relacionou a agressão aos crimes investigados pela Operação Lava-Jato:

— Se todas as pessoas fossem fazer o que eles fizeram, imagina aqueles caras que roubaram na Lava-Jato, todo mundo ia estar tatuado. Não ia nem onde colocar tatuagem.

O adolescente havia desaparecido em 31 de maio e foi encontrado por amigos no fim da tarde do último sábado na Estrada dos Casa, também em São Bernardo do Campo.

 

O crime

No primeiro vídeo, Maycon Wesley obriga o menino a "pedir" uma tatuagem com a palavra "ladrão". O comparsa, que filmava o momento, grita que "vai doer". No outro registro, a dupla faz o menino contar que tentou roubar a bicicleta de um "homem que trabalha no farol" e que não tem perna. Aos risos, os homens fazem o menino mostrar sua tatuagem e perguntam se ele gostou. Os dois estão presos no 3º Distrito Policial de São Bernardo.

 

Solidariedade

No final da tarde deste domingo (11), o coletivo Afroguerrilha já havia arrecadado R$ 19,9 mil para apagar a tatuagem da testa do adolescente. O grupo pretendia arrecadar, inicialmente, R$ 15 mil.

Além da remoção da tatuagem, a iniciativa também prevê o custeio de cuidados com saúde — para o adolescente se recuperar da suposta dependência química e ter acompanhamento psicológico — e do processo na Justiça contra os acusados. De acordo com descrição no site de doações, integrantes do coletivo conheceriam o menino e sua avó.

 

Fonte: http://zh.clicrbs.com.br


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