O esquema para a retirada do corpo da baleia jubarte macho encalhado na Praia de Ipanema, na zona sul do Rio, está sendo definido por equipes do Instituto Estadual do Ambiente do Rio de Janeiro (Inea), da Companhia de Limpeza Urbana (Comlurb), com o apoio do Corpo de Bombeiros. O presidente do Inea, Marcus Lima, o comandante de área marítima do Corpo de Bombeiros, coronel Sérgio Coutinho, e o diretor de limpeza urbana da Comlurb, Eduardo Vieira, se reuniram próximo ao local onde está a carcaça da baleia para discutir como o serviço será realizado.
A ideia é transportar a baleia até a pista da Avenida Vieira Souto, com a utilização de retroescavadeiras, e lá fazer o içamento por meio de guindaste para o caminhão que levará ao Aterro Sanitário de Seropédica, na Mesorregião Metropolitana do Rio de Janeiro.
Nós vamos precisar de duas retroescavadeiras para puxar esse animal na areia. Tem que prestar atenção que a baleia está em decomposição. Temos que fazer um envoltório dela para poder tirar sem que fique em pedaços. Isso vai ser bem difícil. Na pista o guindaste vai içá-la e levar até uma prancha no caminhão, que vai suportar o peso dela para seguir até o Aterro Sanitário, explicou o diretor da Comlurb, Eduardo Vieira.
Segundo Marcus Lima, a melhor alternativa é a retirada pela areia. Porque não levá-la pelo mar? Isso por uma questão de segurança de navegação. A Capitania dos Portos recomendou dentro do protocolo criado que essa não seria a melhor solução, porque não tem segurança de como fazer a baleia afundar, então, o risco dela se tornar um problema para a navegação é muito grande. Essa opção foi descartada, pelo menos por enquanto e a opção é fazer por terra, informou.
Se a operação por terra começar e não puder ser concluída por causa da dificuldade de transferência do corpo da baleia em decomposição, poderá ser usado um plano B com o transporte por mar até o Porto do Rio e de lá seguir para o Aterro Sanitário. Essa é a opção preferida do biólogo do Laboratório de Mamíferos Aquáticos e Bioindicadores (Maqua) da Faculdade de Oceanografia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) Rafael Carvalho, que desde cedo está no local.
A Marinha do Brasil informou à Agência Brasil, que a Capitania dos Portos do Rio de Janeiro acionou os órgãos ambientais competentes e enviou sua equipe de Inspeção Naval, de lancha, ao local, a fim de garantir a segurança da navegação e colaborar nos esforços para a remoção do animal.
A baleia jubarte foi encontrada pela manhã por frequentadores da praia, que avisaram aos bombeiros por volta das 8h. Segundo o biólogo, o animal, considerado adulto, tem 14 metros e pesa cerca de 20 toneladas, está em processo avançado de decomposição. Significa que o animal já morreu há algum tempo, pelo menos há mais de uma semana. Não dá para verificar muita coisa com relação a causa da morte com este estágio avançado de decomposição, mesmo assim a gente realizou coletas de pequenas amostras para levar ao laboratório e fazer análises com relação a concentração de contaminantes para ter um indício e um perfil de porque este animal tem no organismo dele, informou.
Curiosos
A costureira Maria Henrique da Costa, de 75 anos, trabalha em Ipanema e viu da janela o animal na praia. Ficou curiosa e resolveu ir ao local para tirar foto. Eu acho que é a poluição. A poluição está matando os animais todos, fico com muita pena. Estão jogando muita coisa na areia e na água, lamentou.
O funcionário público Charles Radiks, 46 anos, mora em Copacabana, bairro próximo. Viu pela televisão que a baleia tinha sido encontrada e resolveu ir para Ipanema. É uma pena que ela morreu. Queria que estivesse viva para gente tentar levar ela de volta para o mar. É meio triste", disse.
Migração
O biólogo Rafael Carvalho disse que agora é um período de migração desse tipo de animal, que vem das águas do sul do Atlântico Sul, onde é uma área de alimentação. As baleias vêm para a costa brasileira para reprodução. Parte dessa população migra para a nossa costa onde se concentra em área de reprodução, principalmente no norte do Espírito Santo e sul da Bahia, para depois em novembro iniciarem os movimentos de volta para as áreas de alimentação. Essa é a dinâmica para essa espécie, explicou.