David Neeleman é brasileiro, mas, filho de americanos, saiu daqui aos 5 anos de idade e só retornou depois do sucesso na aviação: criou Morris Air e JetBlue nos Estados Unidos, além da WestJet no Canadá. E repetiu a empreitada no Brasil, em 2008, quando fundou a Azul. Agora, com a novata Breeze, a ideia é copiar a fórmula que fez sucesso no país e com uma pitada extra de inovação.
Quando a companhia nacional foi apresentada, conquistou espaço no mercado voando a destinos com poucas ofertas de voos e utilizando aviões menores (como E190 e E195 da Embraer). No caso da Breeze, o empresário disse, em entrevista à Forbes, que as passagens custarão menos de 100 dólares e as taxas para despachar bagagem e viajar de classe executiva serão mais baratas do que nas rivais.
Para o serviço de bordo, foram escolhidos estudantes universitários de Utah, estado-sede da empresa, que serão estagiários até a formatura e que receberão 1.200 dólares por 15 dias de trabalho, além de moradia e até 6.000 dólares mensais para cursos online. Para reduzir os custos de operação, até a central de atendimento foi trocada por um aplicativo que fará toda a interação com os clientes.
Vamos enviar uma mensagem para o celular do cliente, Ei, vimos que você irá voar hoje. Gostaria de comprar um sanduíche de filé mignon para entregarmos em mãos no seu assento? É só adicionar esses pequenos complementos divertidos, onde você pode clicar em sim, sim, sim. E podemos simplesmente continuar adicionando ao cartão de crédito, afirmou Neeleman durante a entrevista.
Por enquanto, a Breeze deverá operar somente com 15 aeronaves da Embraer inclusive com unidades de geração anterior cedidas pela Azul. Mas já foram encomendadas outras 60 unidades do Airbus A220, concorrente direto dos modelos brasileiros, e, segundo a Reuters, já foram pedidas mais 20 aeronaves. Como destaque, os custos de viagem serão até 30% menores que no Boeing 737 da Gol.
E o fundador da companhia garantiu, durante o World Aviation Festival, evento de aviação realizado na última semana, que nenhuma das aeronaves será aposentada após a chegada dos modelos europeus isso porque, enquanto as unidades da Embraer ficarão concentradas nas viagens de até 2 horas, o modelo produzido pela Airbus servirá como uma alternativa para atender rotas longas.
Não foram reveladas as rotas da Breeze, mas o foco será no mercado de lazer. De acordo com a Forbes, a malha deverá expandir a 15 cidades no mês de julho, em pleno verão, principalmente destinos de férias na Região Sudeste que inclui a Flórida, conectando aeroportos menores com voos sem escala aos fins de semana. Com isso, o foco seria nos momentos de alta demanda em rotas de baixo custo.
De acordo com o executivo, essa estratégia permitirá transportar os passageiros até duas vezes mais rápido (e pela metade do preço) que concorrentes grandes, como American Airlines, Delta e United, que operam principalmente em aeroportos maiores. Com viagens de turismo nos fins de semana, também existe a possibilidade de lucrar com outros tipos de serviço, como a inclusão de alugueis de veículos, por exemplo.
Em meio à crise do setor de aviação comercial, a nova companhia aérea recebeu 100 milhões de dólares de investidores e do próprio fundador. Só que esse valor é suficiente apenas para metade dos custos da empresa, que estima gastar 57,5 milhões de dólares só para começar a operar e outros 149,6 milhões de dólares durante o primeiro ano. Mas o objetivo de Neeleman é lucrar até o próximo ano.
Para tentar contornar o rombo inicial nas finanças e dar alívio ao caixa da Breeze, as novas aeronaves da Airbus deverão ser vendidas a empresas de leasing. Depois, todas as unidades serão arrendadas de novo a valores mais fáceis de negociar. Isso porque, com a menor demanda durante a pandemia de covid-19, as taxas de aluguel tiveram redução de até 23%, segundo a consultoria de aviação Cirium.
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