• google plus bahia em tempo real
  • facebook bahia em tempo real
  • twitter bahia em tempo real
  • youtube bahia em tempo real
Aviação 26/10/2021

Preço de passagens aéreas ameaça festas de fim de ano em família

Preço de passagens aéreas ameaça festas de fim de ano em família

Quem quer vir pra Salvador está encontrando um obstáculo e não é mais a pandemia: é o preço das passagens aéreas. A servidora municipal e designer de interiores Marcela Cerqueira, de 40 anos, teve que abandonar os planos de visitar a cidade no final do ano. O motivo da viagem era passar o Natal e Réveillon em família depois de dois anos de pandemia. Ela mora em São Paulo com o marido e conta que a ida e volta de cada um para Salvador custaria cerca de R$ 2 mil. A depender do ponto de partida, os valores são ainda mais elevados; as passagens com saída de outras capitais brasileiras passam dos R$ 3mil.

 

Marcela e o marido vieram a Salvador agora em setembro e os preços estavam bem mais em conta. A passagem de ida e volta de cada um custou cerca de R$ 490. Quando foram pesquisar a passagem para as festas de final de ano, o susto foi grande. “A gente olhou outros destinos e vimos que, a depender do período, é mais barato viajar para Argentina do que para Salvador. Isso deixa a gente triste porque temos que deixar de ver nossos parentes por causa desses preços abusivos”, diz Marcela.

 

A servidora municipal diz que não tem como arcar com os valores atuais e que, a não ser que consiga uma promoção, vai tentar viajar em fevereiro de 2022, quando os preços, por enquanto, estão mais baixos. “Acabamos desistindo. Para passar o Natal e o Réveillon em família, agora só se aparecer uma promoção muito boa”, finaliza. A vice-presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagens Seção Bahia (Abav-Ba), Ângela Carvalho, confirma os altos preços. “Com a pandemia, as companhias aéreas reduziram a quantidade de voos, então hoje temos poucos voos e uma alta demanda nesse processo de retomada. Os voos estão cheios, lotados, e isso gera o aumento, os preços estão absurdos mesmo”, coloca.

 

O analista judiciário Gustavo Henrique Oliveira, de 43 anos, também é baiano e está morando no Rio Grande do Norte. Ele está pesquisando preços de passagens e ainda não sabe se ele, a esposa e o filho vão conseguir passar o Natal com a família aqui em Salvador. No ano passado, a viagem custou no total R$ 3.500; este ano, não está saindo por menos de R$ 5 mil. “Queremos ir, pois meu pai está bastante debilitado em razão da diabetes e também para rever todos os meus irmãos e sobrinhos após esses dois anos de afastamento por conta da pandemia, mas os preços praticados pelas companhias aéreas estão impeditivos”, diz ele.

 

Gustavo conta que para complicar a situação, a maioria dos voos têm conexões e paradas, tornando a viagem com uma criança de 3 anos ainda mais cansativa. “Viajar de carro não está nos planos, pois o custo do combustível está muito alto, além de ser mais cansativo ainda, afinal são mais de 1.200km entre a capital potiguar e a baiana”, acrescenta.

 

E o problema não está sendo enfrentado somente para quem busca voos domésticos para Salvador. A estudante Kamila Souza, de 21 anos, que mora em Portugal, não passa o Natal em família desde 2018. Em 2021, mais uma vez o plano vai ser adiado. Entre agosto e outubro deste ano, a passagem de ida e volta para Salvador estava custando R$ 1.900; para o final do ano, o salto é grande. “No ano passado, ida e volta para o Natal estava custando R$ 5 mil e eu não fui porque já achei caro. Agora em 2021 está R$ 7 mil, então também não vai dar”, diz ela.

 

Esse preço é para viagem entre o final de dezembro e início de janeiro, quando Kamila tem disponibilidade de ir. Ela conta que fez uma pesquisa e notou uma grande variação de valor conforme a alteração das datas. “No início de dezembro e no final de janeiro os preços estão mais baratos. As passagens caem para uma média de R$ 2 mil a R$ 3 mil cada trecho, mas eu tenho aula nesse período”.

 

A jornalista baiana Paloma Jacobina, de 41 anos, mora na Holanda e também se assustou com o preço das passagens para cá no final do ano. “Estou acompanhando os preços desde cedo. Antes da Europa abrir para brasileiros, em maio, a passagem para Salvador estava custando cerca de 400 euros. Quando eu comprei, em setembro, já não encontrei nada por menos de 700 euros”, diz.

 

Paloma tinha o costume de visitar a família ao menos uma vez ao ano, mas, com a pandemia, não vem para Salvador há dois anos. O último Natal aqui foi em 2017. Em 2019, deixou a visita para março, já tinha comprado passagem, mas a pandemia interrompeu os planos. Por isso, decidiu enfrentar os altos preços agora e vir mesmo assim. A estratégia foi viajar em novembro e voltar no dia 31 de dezembro já que, depois dessa data, os valores ficavam ainda mais caros. “A gente decidiu ir só para o Natal, voltamos na noite do dia 31. Ou era isso ou teríamos de ficar até o final de janeiro, quando a passagem ficava um pouco mais barata”, acrescenta.

 

Outro baiano que mora fora e preferiu não ter o nome revelado, também encontrou o mesmo problema. Ele, que foi morar na Suécia durante a pandemia, diz que comprou passagem para vir para Salvador em novembro e vai retornar no dia 30 de dezembro. “Para dois adultos e uma criança eu estou pagando cerca de R$ 16 mil. Quando eu procurava a volta para janeiro, o valor do trecho ficava mais caro do que ida e volta juntas ainda em dezembro”, conta.

 

Por que os preços das passagens estão mais caros?

 

Segundo o também vice-presidente da Abav-Ba, Jorge Pinto, a justificativa envolve a redução do número de voos durante a pandemia e o recente aumento da demanda. “A malha ainda não está com capacidade 100% porque, com a pandemia, houve redução. A demanda está começando a subir e a oferta de voos ainda está baixa, então é um incentivo para aumentar os preços. E houve prejuízo na pandemia, ou seja, agora é o momento das companhias buscarem uma recuperação”, acrescenta.

 

A Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), afirma que o preço do querosene de aviação (QAV) registrou alta de 91,7% no segundo trimestre deste ano, em relação a igual período do ano passado, segundo os dados mais recentes da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). A escalada da cotação do dólar em relação ao real, também tem influência nos preços. De acordo com a Abear, 51% dos custos do setor são indexados pela moeda estadunidense.

 

O mais recente levantamento da Abear sobre o querosene de aviação revela que, no primeiro semestre de 2021, o preço médio do combustível na bomba, no Brasil, foi 24,6% superior do que nos Estados Unidos. O Brasil é o único país do mundo que tem um tributo regional sobre o QAV, o ICMS. As companhias estrangeiras, por sua vez, não pagam esse imposto para abastecer em território nacional. “É por isso que uma viagem internacional muitas vezes é mais barata do que um voo doméstico, considerando-se distâncias similares”, afirma o presidente da Abear, Eduardo Sanovicz.

 

Fonte: https://www.modaisemfoco.com.br/


Bahia Tempo Real no ar