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Conto 07/06/2025

A Estação Silenciosa

A Estação Silenciosa

Era quase amanhecer quando Hélvio chegou à velha Estação Leopoldina. O lugar estava abandonado desde os anos 80, mas ainda mantinha a estrutura imponente de outros tempos: relógios parados, trilhos enferrujados, placas caídas. A névoa rastejava entre os trilhos como se cobrisse segredos.

O portão principal estava destrancado. Hélvio entrou com cautela, sentindo o faro de perigo que só os anos de investigação afiam. O gravador com o Testemunho 17 havia indicado: "O fim do trilho."

Lá dentro, encontrou um vagão antigo, coberto de fuligem, mas intacto. Empurrou a porta, que rangeu alto. Dentro do vagão, mais documentos desta vez sobre operações de vigilância clandestina feitas durante a década de 70 e 80, inclusive escutas ilegais contra juízes e jornalistas. Nomes conhecidos. Com provas.

Hélvio tirou fotos com seu celular, mas ao sair do vagão percebeu: o portão da estação agora estava fechado com cadeado por fora.

E então ouviu passos.

Não eram imaginários. Um vulto surgiu na plataforma oposta, usando um sobretudo escuro. Não disse nada, mas jogou um envelope em sua direção antes de desaparecer novamente pela névoa.

Dentro do envelope, uma única folha.

"A chave não abre apenas portas. Ela revela quem tem medo delas."

No verso, um endereço. Hélvio reconheceu: o arquivo central da Prefeitura, que oficialmente havia pegado fogo em 1992.

Mais um lugar para investigar. Mas agora, ele sabia: estava sendo observado.

E o jogo não era só com fantasmas do passado. Era com alguém muito vivo.


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