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Ficção 22/06/2025

Ecos de Uma Voz Calada

Ecos de Uma Voz Calada

Lara caminha sem rumo pelas ruas do Bairro Alto. M. ainda ecoa em sua mente. A mulher que ela jamais conheceu era sua verdadeira mãe. A traição de Joaquim, o homem que a criou, agora lhe parece monstruosa e, ao mesmo tempo, humana. Tudo o que Lara acreditava ter sido amor, segurança e herança... desmoronou.

Enquanto isso, Helvio Brasão continua suas investigações. A última página do diário de M. sugere que havia uma terceira pessoa envolvida uma mulher chamada "Celeste", que teria guardado cópias dos documentos mais comprometedoras, e que "só entregaria se os sinais fossem reencontrados".

Buscando pistas, Helvio descobre que uma mulher chamada Celeste Almeida vive reclusa num antigo convento em Mafra. Ele parte imediatamente, levando consigo uma cópia da carta em que M. descreve sua última missão. Ao chegar, é recebido por uma freira jovem, que apenas diz:
A irmã Celeste já sabia que o senhor viria. Ela está esperando no jardim.

Lá, uma mulher de olhar firme e corpo frágil o espera sentada sob uma figueira centenária.

Então finalmente as cartas cantaram de novo diz ela, com voz baixa .M. sempre soube que um dia alguém precisaria reabrir as feridas para que elas não se tornassem doenças eternas.

Celeste entrega a Helvio uma caixa menor, com um único conteúdo: um gravador de fita. Quando ele pergunta o que há ali, ela responde:
A voz dela. A última gravação. Ouça quando estiver sozinho.

Helvio retorna para Lisboa e procura por Lara. Ela está em casa, em silêncio, cercada por álbuns de infância e papéis de seu pai. Ele entrega o gravador e apenas diz:
É sua decisão ouvir. Mas posso ficar, se você quiser.

Lara hesita, mas aperta o play. A voz de M. preenche a sala com suavidade e dor:

"Se minha filha algum dia ouvir esta mensagem, quero que saiba que o amor que tive por ela foi maior do que o medo. Eu escolhi desaparecer para que ela pudesse viver. Fui traída, sim. Mas também fui salva. E você, Lara, é minha redenção."

As lágrimas de Lara não vêm como desespero, mas como liberação. Helvio segura sua mão. Pela primeira vez, ela não o afasta.

Eu preciso descobrir quem foi essa mulher. Quem foi minha mãe, de verdade diz Lara.

Vamos fazer isso juntos responde Helvio.

Na última cena do capítulo, a mulher de cabelos brancos M., viva observa, à distância, a cena pela lente de uma câmera antiga. Ela sorri, com os olhos marejados, e diz para si mesma:

Finalmente, ela ouviu.

O mistério das cartas ainda não foi completamente resolvido. Mas algo mais profundo, mais íntimo, acaba de se revelar.

"Esta obra é uma ficção. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência."


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