Jonas sempre fora ansioso. Tudo em sua vida seguia cronogramas, metas e tabelas. Trabalhava em uma grande empresa e aguardava, há dois anos, uma promoção que parecia cada vez mais distante. O colega recém-chegado, mais jovem, acabara de ser promovido em seu lugar. Isso o devastou.
Começou a questionar seu valor, sua trajetória. Sentia-se invisível, como se o mundo tivesse pressa para todos, menos para ele. Numa noite de insônia, decidiu caminhar e parou na pequena praça onde sua mãe costumava levá-lo quando criança.
Sentou-se no banco de cimento gasto. Lembrou-se das palavras dela: "Às vezes a luz se atrasa, filho. Mas ela vem na hora certa." Jonas chorou.
No banco ao lado, uma senhora o observava em silêncio. Ela carregava desenhos coloridos e uma caixa de lápis. Ele percebeu o estado de Jonas e ofereceu um papel.
Desenha, mesmo que não saiba. Às vezes, o que a gente sente não sai em palavras.
Meio sem jeito, Jonas começou a rabiscar. Desenhou linhas tortas, cores soltas, sem sentido. Mas no final, ele se sentiu leve. Nos dias seguintes, voltou à praça e aos rabiscos. Encontrava a senhora sempre ali, acolhedora e silenciosa. Soube depois que ela havia perdido o filho em um acidente e usava os desenhos como forma de cura.
Inspirado por ela, Jonas criou um projeto de bem-estar emocional dentro da própria empresa. Começou com oficinas simples de desenho livre na hora do almoço. Logo o espaço se tornou refúgio para muitos funcionários exaustos e pressionados. O RH adorou a iniciativa. Os gestores também. E então, sem pedir, veio a promoção não pela meta batida, mas pela mudança que ele causou na cultura da empresa.
Jonas entendeu, enfim: a luz não se atrasa. Ela chega quando estamos prontos para recebê-la.
"Esta obra é uma ficção. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência."