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Conto 18/07/2025

De Quase ao Fim ao Primeiro Recomeço

De Quase ao Fim ao Primeiro Recomeço

Existem momentos em que a vida parece nos arrancar o chão, quando tudo aquilo que construímos desmorona diante dos nossos olhos. Foi assim que me senti: perdido entre os escombros do que um dia chamei de lar, futuro e identidade. A falência do meu negócio, o fim de um relacionamento de anos e a morte inesperada do meu pai vieram como uma tempestade sem aviso, sem trégua.

Durante semanas, tudo parecia um borrão. Acordava sem saber para onde ir. O telefone, que antes não parava de tocar, silenciou. Amigos se afastaram. A solidão virou minha sombra. E, naquele ponto, a única certeza era a dor. Tentei resistir, mas percebi que lutar contra o fundo do poço só me afundava mais. Então, parei. Me permiti chorar, quebrar, ficar em silêncio. Foi ali que entendi: não era o fim era o intervalo entre quem eu fui e quem eu precisava me tornar.

O recomeço não veio com grandes planos ou promessas. Começou pequeno, tímido, quase imperceptível: uma caminhada no parque, uma ligação inesperada de um velho amigo, um livro que me inspirou a escrever de novo. Redescobri a beleza das coisas simples. Comecei a anotar pensamentos, transformar angústias em palavras. Escrevendo, fui me reconstruindo.

Decidi então voltar a estudar, explorar áreas que sempre admirei, mas nunca tive coragem de seguir. Trabalhei com o que surgiu: freelancer, vendedor, cuidador de idosos. Não importava o cargo, importava o movimento. Cada passo era um lembrete de que ainda havia vida em mim. De que eu podia ser mais do que a dor.

Hoje, ainda estou no caminho. Não sou quem fui e talvez nunca volte a ser. Mas sou alguém mais forte, mais empático, mais consciente de si. O recomeço me ensinou que a perda não define o fim, mas a chance de escrever um novo início.

Se você sente que tudo acabou, respire. Às vezes, o fundo do poço é o melhor lugar para encontrar as raízes da nossa coragem. E quando o renascimento começa, mesmo que em silêncio, ele transforma não só a história, mas quem somos.

Recomeçar não é fácil. Mas é possível. Sempre.

“Esta obra é uma ficção. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência. “


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