Os insetos poderiam ser usados para procurar sobreviventes após desastres naturais, em áreas de perigo para humanos
Em face do devastador terremoto no Nepal, pesquisadores estão se dedicando fortemente ao desenvolvimento de ferramentas tecnológicas de busca e resgate, na esperança de salvar mais vidas após um desastre natural mortal.
Em um laboratório em Cingapura, um pesquisador usa um joystick para controlar os movimentos de um inseto gigante voando. Conforme o pesquisador move seu controlador para a direita ou esquerda, ondas de rádio são emitidas para um receptor sem fio, encaixado nas costas do inseto, o que ativa nanofios que estimulam um pequeno múscula em sua asa. O inseto se move de acordo com o sinal que recebe.
Do ponto de vista científico, os experimentos, conduzidos por Hirotaka Sato, se provaram um grande sucesso. Os cientistas envolvidos constataram que o músculo em questão, que até então era visto apenas como um músculo que controlava a habilidade do inseto de dobrar suas asas, é na verdade a chave para que ele tenha movimentos precisos. Do ponto de vista prático, isso significa que estamos mais perto de criar insetos ciborgues controlados remotamente, e que poderiam procurar sobreviventes em áreas de desastre naturais muito perigosas para equipes de resgate.
Michele Maharbiz, professor de Engenharia Elétrica e Ciências da Computação na Universidade da Califórnia em Berkeley, é um dos pioneiros na pesquisa relacionada a insetos ciborgues. Durante anos ele tentou responder a uma pergunta simples. "Quais coisas teriam que ser retiradas em termos de genes ou neurosistemas para que tivéssemos um chassi eficaz e propício ao voo? Por que um inseto não é um robô voador?", questiona.
Ele se refere ao chassi que é encontrado em carros. Mas enquanto carros foram criados para serem dirigidos, o processo evolutivo moldou insetos para múltiplas funções, como acasalar e se alimentar. Todas essas funções precisam ser consideradas ao desenvolver um inseto controlado remotamente.
Os pesquisadores avançaram muito ao longo dos anos. Provaram que podem controlar os insetos com estímulos ao cérebro e músculos. Maharbiz acredita que uma combinação das duas técnicas será provavelmente necessária para criar o inseto ciborgue ideal.
"A curto prazo, em nível mais prático, penso que poderíamos construir moscas controladas em pequenas escalas, usando o melhor do mundo dos eletrônicos e da natureza", diz. O professor acredita que essa combinação poderia ser utilizada no desenvolvimento de melhores ferramentas para salvar vidas após desastres naturais.