Qual o melhor critério para a reorganização da fila no desfile do Carnaval de Salvador. Esta foi a principal questão discutida durante o debate na primeira mesa-redonda ""Organizando os desfiles"", mediada pelo vereador Arnando Lessa (PT), no ""Panorama Carnaval"". Com o slogan “A Câmara, antes de agir, quer ouvir você”, o seminário - que conta com o apoio do Conselho Municipal do Carnaval (Comcar) - é uma iniciativa da Comissão Especial do Carnaval na Câmara Municipal de Salvador e acontecerá até esta quinta-feira (16), das 9h às 18 horas, no teatro Jorge Amado, na Pituba.
O pesquisador da Ufba Paulo Miguez defendeu que o critério da ordem das filas deve ser de ordem cultural, não pode ser submetido ao interesse comercial e, consequentemente, na melhoria na oferta de serviços da festa. ""Há muito tempo que a fila passou a se tornar um esquema de negócios e o critério de antiguidade está obsoleto. Como organizar? Não tenho uma idéia fixa, mas acredito que a ordem deve ser ancorada na cultura, levando em conta a plasticidade e com a descontração dos grandes artistas"", declarou Miguez, que também defende a criação do Museu do Carnaval para resgatar a história da maior festa momesca.
Já Adolfo Nery, diretor da Central do Carnaval e do bloco Camaleão, acredita que o melhor seria um diálogo entre as entidades para a escolha da ordem. ""O sorteio como critério para a fila é possível, mas seria melhor um diálogo. Um bloco como o Internacionais aceitaria? Ele sai há 40 anos no mesmo horário por tradição iria aceitar? Temos que organizar os desfiles, mas primeiro temos que organizar os espaços"", ressaltou.
O Vovô do Illê Ayiê concorda com Nery e acredita que as entidades que estão na fila de um determinado dia poderiam entrar em consenso e escolher quem desfilará primeiro. ""A fiscalização do desfile deve ser cobrado da prefeitura e do Conselho, mas podemos dialogar e entrar em consenso"", afirmou Vovô, sugerindo ainda os 40 anos dos blocos Afros como tema do Carnaval 2014.
Panorama
O seminário, que vai até quinta-feira (16), reuniu em sua cerimônia de abertura empresários do trade do entretenimento, carnavalescos, gestores públicos, 22 vereadores, imprensa e classe artística. Na mesa de abertura, o vereador Claudio Tinoco (DEM), vice-presidente da Comissão e relator do seminário, afirmou que apenas 20% das pessoas que residem em Salvador brincam o Carnaval, porém esse evento impacta quase 50% das residências da nossa cidade. Ele terá 15 dias para apresentar um documento com propostas de possíveis mudanças e melhorias. ""Se for aprovado, podemos dar uma grande contribuição para o Carnaval e trazer melhorias para todos os outros anos da festa daqui para frente"".
O presidente da Comissão Especial de Carnaval, vereador Henrique Carballal (PT) declarou que a participação de todas as esferas é fundamental, principalmente, levando-se em consideração a pluralidade e riqueza do Carnaval de Salvador, uma das maiores festas de rua do planeta. Para o secretário municipal de Desenvolvimento, Turismo e Cultura, Turismo, Guilherme Bellintani, que também esteve presente na abertura, a festa é a grande marca de Salvador para o mundo e repensar o seu formato, visando a melhoria, é fundamental. A noite de terça foi encerrada com o debate ""A Copa e o Carnaval"", com presenças de Ney Campello, da Secopa, Isaac Edington, da Ecopa e do forrozeiro Zelito Miranda.
Fotos: Edgar Souza