Mário está desempregado; foi preso em flagrante ao tentar furtar 2 kg de carne
Mário Ferreira Lima, desempregado, tentou furtar 2 kg de carne em um mercado de Santa Maria, no Distrito Federal, e foi preso em flagrante. Os policiais o levaram para a delegacia, mas ao ouvir sua história, enquanto Mário estava detido, ficaram comovidos com as dificuldades que ele passava, segundo reporta o Correio Braziliense. Uma das agentes policiais pagou a fiança e outros policiais fizeram compras de alimentos para a família dele. Na noite de ontem (13) eles entregaram a feira na casa de Mário.
Segundo o agente Ricardo Machado, antes de chegar à 20ª Delegacia de Polícia (Gama Oeste), Mário desmaiou. Ao se recuperar, contou em depoimento que se confundiu com as datas e achou que já tivesse recebido os R$ 70 que recebe mensalmente por meio do Programa Bolsa Família. Ele foi então ao comércio comprar pão, muçarela, mortadela e carne. Ao perceber que não tinha dinheiro suficiente para pagar as compras, tentou furtar os 2 kg de carne. O dono do estabelecimento viu e chamou a polícia.
Ele explicou ainda, o que o levou à situação atual de desemprego. Há quase um ano, a mulher dele sofreu um acidente e passou oito meses no hospital. Mário trabalhava como eletricista, mas por precisar cuidar de sua esposa, perdeu o emprego. Quando ela se recuperou, foi morar com um filho de outro casamento, pois a família não tinha condições financeiras para cuidar apropriadamente de sua saúde. Coube a Mário, então, com a responsabilidade de cuidar do filho de 12 anos do casal. Além de receber o bolsa família ele relatou que tentava fazer bicos enquanto o filho estava na escola, mas não estava conseguindo esses trabalhos.
O delegado responsável estipulou a fiança em R$ 270, valor que foi pago por uma agente da Polícia Civil que se comoveu com a história. Outro agente resolveu dar a ele R$ 30 para que pagasse o valor da carne. Quatro policiais acompanharam o eletricista desempregado até o supermercado, onde compraram arroz, feijão, macarrão, biscoito e itens de higiene. “Na hora que passávamos pela seção de higiene, um colega perguntou se ele tinha pasta de dente. Ele disse que tinha mais de mês que não escovava os dentes com pasta, e pedimos que ele pegasse lá, então. Ele, na humildade dele, voltou com a menorzinha e mais barata. Brincamos que isso não dava nem para um dia e pegamos logo cinco, aí pegamos sabonete e todo o resto", contou Ricardo Machado ao G1.
Os policiais foram com ele até sua casa e segundo Machado, Mário não conseguia parar de agradecer. “Ele cuida da casa e do menino pela manhã e à tarde vai atrás de bicos, mas não conseguiu nada nos últimos dois meses. A gente sabe que o crime não é certo, mas eu me ponho no lugar. Imaginei a minha filha passando fome. O que eu não faria nessa situação?”, questionou o policial.