O início do segundo semestre, período tradicionalmente dedicado ao planejamento comercial do varejo, ganha um novo aliado estratégico: a inteligência artificial. Startups especializadas em soluções preditivas estão assumindo um papel crucial nas áreas de suprimento, precificação e marketing ao utilizarem algoritmos capazes de antecipar comportamentos de compra com base em dados históricos e padrões de consumo.
Antes restrita às grandes redes, essa tecnologia agora se torna acessível a pequenas e médias empresas, graças a soluções escaláveis desenvolvidas por startups. Segundo Marilucia Silva Pertile, cofundadora da Start Growth e mentora de startups, o uso de analytics preditivo pode reduzir em até 30% as perdas por excesso de estoque e aumentar em até 25% a efetividade das campanhas promocionais. “Com inteligência preditiva, o varejista deixa de apenas reagir e passa a antecipar movimentos com base em dados reais”, afirma.
Essa tendência é reforçada por um relatório da CB Insights, que aponta a previsão de demanda baseada em IA como uma das cinco prioridades tecnológicas para o varejo até 2025. Empresas que utilizam esses recursos registram crescimento médio 40% superior em comparação às que operam com métodos tradicionais de reposição e precificação.
Para Marilucia, o desafio atual não é mais o acesso à tecnologia, mas sim a incorporação do uso de dados como parte estrutural da operação. “Muitas empresas ainda tratam dados como um subproduto, quando na verdade são o motor da tomada de decisão. A informação virou o novo petróleo, mas só gera valor quem sabe refiná-la”, observa.
A Start Growth, empresa de venture capital voltada a negócios de tecnologia, aposta em startups que operam com modelos SaaS e foco em automação, integração de sistemas e IA aplicada à gestão. O objetivo é escalar vendas e consolidar processos com base em dados.
Apesar do avanço, muitas startups brasileiras ainda enfrentam dificuldades para ganhar tração no mercado. “O gargalo está na distribuição. Existem soluções muito avançadas que não conseguem comunicar seu valor”, ressalta Marilucia. Por isso, investimentos que aliem capital a suporte estratégico e redes de relacionamento são essenciais.
A digitalização do varejo é irreversível, e a previsão de demanda baseada em IA se consolida como peça-chave na nova lógica de gestão. Para Marilucia, trata-se de fortalecer a tomada de decisão com inteligência, sem abrir mão da intuição. “A transformação já começou, e cabe às lideranças embarcarem nessa jornada.”