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Brasil 09/11/2020

Websérie exibe exemplos de restauração de áreas degradadas

Websérie exibe exemplos de restauração de áreas degradadas

Em meio aos desastres ambientais causados pelas queimadas, uma verdadeira devastação das florestas brasileiras, o primeiro pensamento que temos é que estamos em apuros. E a situação não está nada boa mesmo. Em 2020, até o início de outubro, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) registrou 175.671 focos de queimadas em todos os biomas brasileiros. O índice é o maior desde 2010, quando foram registrados 257.100 focos neste período.

 

O Brasil tem uma meta de restaurar e reflorestar 12 milhões de hectares até 2030 para cumprir o Acordo de Paris. E, na contramão de toda essa destruição, há iniciativas pelo país afora que valem a pena conhecer.

 

Uma delas é a história de Silvany Lima, moradora da zona rural de Pintadas, que em 2009 viu no umbu, uma fruta típica do semiárido do Nordeste, não só geração de renda para a comunidade, mas benefícios ambientais também.

 

Sofrendo com diminuição da água que afetava a produção agropecuária – o forte da região é o leite –, começou a pensar em alternativas para o problema, e uma delas veio do umbuzeiro.

 

Tudo começou com um grupo de mulheres que queria ter a sua própria fonte de renda, sem depender dos maridos. “Criamos uma associação de mulheres agricultoras e a Cooperativa Ser do Sertão para produzir suco de umbu”, conta Silvany.

 

A produção manual deu lugar à fábrica, que contava com 15 mulheres. Agora, a cooperativa tem mais de 150 pessoas envolvidas, a maioria mulheres.

 

A cooperativa Ser do Sertão não planta, mas preserva o que tem e que antes era destruído por queimadas. “Percebemos que não precisava disso para criar os animais e que, na verdade, só prejudicava. Foi um trabalho lento, mas conseguimos, pouco a pouco, conversar com a comunidade e convencer sobre a importância da conservação”, conta.

Biodiversidade

Já Bruno Mariani decidiu deixar o mercado financeiro para criar a Symbiosis Investimentos, uma empresa que planta e gera madeira de alta qualidade para construção civil, como produção de pisos, móveis, portas e janelas.

 

A vontade de Bruno é antiga, surgiu ao longo da sua carreira internacional em um banco. O fato de os estrangeiros sempre falarem sobre a biodiversidade brasileira e que não tinham como investir ajudou a tirar a ideia da cabeça e formatar o projeto em 2007.

 

Associar a métrica e rigor matemático ao reflorestamento deu certo: “Uni o conhecimento do mercado financeiro, estudei biologia, ecologia e busquei um time coeso”. Em 2010, comprou a primeira fazenda em Porto Seguro, no sul da Bahia.

 

Ele compara a complexidade do mercado financeiro à ecologia. “A forma de combinar também gera resultados diferentes. Foi um desafio muito grande. No Brasil, temos um sistema de monocultura que é bem simplificado, mas que não traz os benefícios da ecologia. As florestas mistas têm muitos benefícios, principalmente na fauna”, analisa.

 

A Symbiosis funciona assim: busca sócios para investir na empresa, que por sua vez investe no reflorestamento em larga escala. “Desenvolvemos o modelo e agora buscamos captação de novos sócios”, diz. Hoje são 14. Foram 10 anos de testes para comprovar que o modelo é rentável.

 

Na terceira fase, a empresa projeta abrir o capital na bolsa de valores. Isso deve levar mais 10 anos. Para investir em reflorestamento hoje na bolsa brasileira, é possível comprar ações de empresas de produção de papel e celulose que focam em uma única espécie.

 

Atualmente, com uma área de 1.500 hectares em Porto Seguro, são aproximadamente 1,2 milhão de árvores e 56 espécies diferentes plantadas. Para o modelo de expansão serão mantidas 20 espécies, que foram as que se comportaram e se desenvolveram melhor. A ideia é expandir para outras regiões do país, mas Bruno considera que o sul da Bahia tem um solo que contribui para o reflorestamento.

Florestas

Essas duas histórias são retratadas na websérie Caras da Restauração, produzida pelo WRI Brasil, um instituto de pesquisa que atua em três áreas: cidades sustentáveis, clima e florestas. Miguel Calmon é diretor do programa de florestas do WRI, que trabalha principalmente na recuperação e redução de áreas degradadas e na conservação.

 

“No Brasil há enormes áreas que poderiam beneficiar a população e contribuir para a melhoria da qualidade da água, redução da erosão, qualidade do solo e mudanças climáticas. São inúmeros benefícios ambientais, sociais e econômicos”, afirma.

 

Na prática, o instituto percorre o país para mostrar o valor de recuperar uma área degradada. “Vamos em um local e ajudamos a identificar as oportunidades de restauração naquela região, e, ao fazer isso, começa o processo de engajamento de atores interessados e quem pode se beneficiar com aquilo”, explica.

 

De acordo com Miguel, o papel do instituto é oferecer ferramentas, metodologia, capacitar os moradores, acompanhar o processo e monitorar os resultados.

 

“A série foi criada para mostrar ao Brasil que por trás da restauração tem pessoas que acreditam e pessoas sendo beneficiadas. Ou seja, mostrar que a degradação não cria benefício nenhum para a sociedade, ao contrário da restauração”, completa.

 

Para isso, o WRI realiza um mapeamento pelo país, em busca de regiões que podem passar por essa restauração, mas quem tiver conhecimento de uma iniciativa ou ideia que ajude a melhorar as florestas brasileiras, também pode entrar em contato com o instituto.

 

Fonte: https://www.modaisemfoco.com.br/


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