Na periferia de uma grande cidade, havia uma rua esquecida pelo tempo e pelas políticas públicas. Casas com muros descascando, pichações antigas e rostos cansados que mal se cumprimentavam. Era o fim de linha do ônibus e da esperança. Até que um menino de oito anos, chamado Davi, decidiu mudar algo.
Com uma pequena caixa de tintas achadas no lixo e dois pincéis resgatados da escola, ele começou a pintar um dos muros abandonados da vizinhança. Desenhou um sol amarelo com olhos felizes, um céu azul cheio de estrelas e um campo com árvores coloridas. A arte era simples, infantil, mas tinha algo poderoso: vida.
No dia seguinte, outro muro ganhou flores. No outro, corações. Em pouco tempo, os vizinhos começaram a perguntar o nome do pequeno artista. Davi sorria e dizia: "Tô pintando pra rua ficar feliz."
Uma senhora idosa, que não saía de casa há meses, deixou uma bandeja com bolo e suco para ele. Um pedreiro ofereceu baldes de tinta. Um professor aposentado ajudou a organizar as ideias. Crianças que antes ficavam em casa, presas aos celulares, começaram a pintar juntas. Os adultos, antes indiferentes, agora varriam a calçada, trocavam plantas, tocavam violão nas janelas.
Em três meses, a rua cinza virou uma galeria a céu aberto. A prefeitura ficou sabendo, mandou uma equipe e reconheceu o projeto como iniciativa comunitária. Os muros agora tinham poemas, árvores pintadas com as mãos dos moradores, retratos, mensagens de esperança e uma placa: "Rua das Cores Vivas Um projeto de Davi e seus amigos".
Davi ganhou uma bolsa de estudos em uma escola de artes e hoje, aos 22 anos, é muralista e educador social. Volta todos os anos à rua onde tudo começou, e diz: "Pintei pra rua sorrir. Mas foi ela que me ensinou a viver."
"Esta obra é uma ficção. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência."