O litoral da Bahia está em plena temporada de visitantes ilustres. Enquanto os pinguins-de-Magalhães começam a aparecer nas praias do estado, as baleias-jubarte já dão um show nas águas quentes do Nordeste, especialmente na costa baiana, onde vêm se reproduzir todos os anos.

Cerca de 30 mil jubartes realizam essa migração anual, escolhendo áreas como o Banco de Abrolhos e a Baía de Todos os Santos para dar à luz e cuidar de seus filhotes. A oceanógrafa Alice Reis, da Secretaria do Meio Ambiente, lembra que a espécie já esteve à beira da extinção:
Em 1985, restavam apenas cerca de mil indivíduos. Hoje, graças aos esforços de conservação, esse número cresce a cada temporada. Elas nascem aqui, por isso chamamos de “baleias baianas”. Antes eram caçadas pelo óleo, usado como combustível; agora são símbolo de preservação e recuperação ambiental.

A observação das baleias é permitida, mas há regras importantes: manter distância mínima de 100 metros, evitar áreas de parto, reduzir a velocidade das embarcações e jamais tentar nadar com os animais. "Proteger o nosso patrimônio natural é proteger também a relação que temos com o mar", ressalta Alice.

Enquanto isso, vindos das águas geladas da Patagônia, os pinguins-de-Magalhães chegam ao litoral baiano em busca de alimento. Porém, mudanças climáticas e correntes marítimas mais intensas podem desviar esses animais de sua rota, levando-os a encalhar nas praias, muitas vezes debilitados e com sinais de hipotermia.

O Centro Estadual de Triagem de Animais Silvestres (CETAS), em parceria com o Instituto Mamíferos Aquáticos (Ima), realiza o resgate, reabilitação e devolução desses pinguins à natureza. As orientações para a população são claras: nunca colocar o animal sobre gelo ou devolvê-lo diretamente ao mar. O ideal é manter distância, afastar cães e gatos e acionar imediatamente os órgãos ambientais, como Inema, Ima ou a Polícia Ambiental.

Além disso, o Ima alerta para o risco da Influenza Aviária no Brasil, reforçando que não se deve ter contato físico com aves marinhas, vivas ou mortas. Qualquer caso de animal silvestre ferido, debilitado ou fora de seu habitat deve ser comunicado ao Disque Resgate do CETAS, pelo WhatsApp (71) 99661-3998.

A presença simultânea de baleias-jubarte e pinguins no litoral baiano é um espetáculo raro, que emociona moradores e turistas. No entanto, é também um lembrete da importância de respeitar e proteger a fauna marinha, garantindo que futuras gerações possam testemunhar esses encontros extraordinários entre as águas tropicais e os viajantes vindos de lugares tão distantes.

Informações do ba.gov.br
Foto: Instituto Mamíferos Aquáticos (IMA)