Na manhã do dia 6 de agosto de 1945, o céu de Hiroshima parecia tranquilo, como em qualquer outro dia de verão. Os moradores, muitos já acostumados com os alarmes aéreos frequentes que não se concretizavam em bombardeios, seguiam suas rotinas. Crianças se dirigiam às escolas, trabalhadores abriam comércios e famílias tentavam viver apesar das dificuldades impostas pela guerra. Mas o que estava prestes a acontecer mudaria para sempre não só a história do Japão, mas do mundo inteiro.
Às 8h15 da manhã, o bombardeiro norte-americano B-29, chamado Enola Gay, lançou uma única bomba sobre a cidade. Seu nome era Little Boy uma arma nuclear de urânio-235 com poder destrutivo jamais testemunhado. Em segundos, uma explosão ofuscante rasgou os céus e um cogumelo de fogo e fumaça se ergueu sobre a cidade. A temperatura no epicentro atingiu cerca de 4.000 °C, vaporizando instantaneamente milhares de pessoas.
O impacto foi indescritível. Um clarão branco seguido por uma onda de choque devastadora destruiu tudo num raio de dois quilômetros. Prédios foram reduzidos a escombros, pontes desintegradas e a vegetação queimada até as raízes. Estima-se que mais de 70 mil pessoas morreram imediatamente, muitas delas sem deixar vestígios. Outras dezenas de milhares pereceram nos dias e semanas seguintes devido às queimaduras, ferimentos e à radiação.
Os sobreviventes, conhecidos como hibakusha, vagavam pelas ruínas em estado de choque, muitos com a pele derretendo, clamando por água, arrastando os corpos de entes queridos ou simplesmente emudecidos pela dor. A cidade, até então um centro urbano ativo, foi reduzida a cinzas e silêncio.
Para o mundo, aquela explosão marcou o início da era nuclear. Para o Japão, foi o dia em que o inferno desceu à Terra. Três dias depois, Nagasaki também seria atingida por outra bomba, Fat Man, selando o destino da guerra. Em 15 de agosto, o imperador Hirohito anunciou a rendição incondicional do Japão, encerrando a Segunda Guerra Mundial.
Mas a vitória teve um custo amargo. O uso da bomba atômica deixou cicatrizes profundas físicas, emocionais e morais. Nunca antes uma arma havia sido usada com tamanho poder destrutivo contra uma população civil. A justificativa do governo dos Estados Unidos era a de evitar uma invasão terrestre e acelerar o fim da guerra, poupando milhões de vidas. Ainda assim, o debate ético sobre sua utilização persiste até hoje.
O dia 6 de agosto não é apenas lembrado como o marco da destruição de Hiroshima, mas como um alerta sombrio para a humanidade sobre os horrores que a tecnologia bélica pode causar. Todos os anos, sobreviventes e seus descendentes se reúnem no Parque Memorial da Paz, em Hiroshima, para homenagear as vítimas e reforçar a mensagem de que isso nunca mais deve se repetir.
A partir daquele dia, o mundo jamais seria o mesmo. A bomba explodiu não apenas sobre uma cidade, mas sobre a consciência da humanidade.